Chá de Cadeira

Esperar pelo bus,salário,weekend,sol,despertador, phone call,liquidacão de inverno,dezoito anos,férias,primeiro beijo,Natal,fila de balada,sinal fechado. Esperar:por esperar.Aguardar algo(ou alguém)que está por vir.Esperar: desejar.Pensar fixamente em algo que deseja muito que aconteça. Chá de cadeira:Não ser chamado(A) para dançar em bailes,antigamente. Esperar pelo homem dos seus sonhos:tomar chá de cadeira.Esperar pela promoção:tomar um p.chá de cadeira!Wait,wish,wait.

terça-feira, março 30, 2010

Adeus blog velho, feliz blog novo

não foi culpa minha, nem dele. Os cinco anos passaram e a relação ficou assim, meio morna. Essa coisa cor-de-rosa choque, amor de menina moça, já não cola mais. Já que não deu pra crescer e mudar de verdade, eu pelo menos mudo de endereço. Aqui e em qualquer lugar. Ciganinha de blog.
Vão lá:

www.meusbotoestomamacido.blogspot.com


(claro que os posts antigos mais queridos -por mim- serão mantidos. Editados talvez. Mas tudo novo é sempre bem vindo)

quarta-feira, dezembro 09, 2009

papo de bar

-Lê, eu quero me casar. Eu nunca quis isso, nem nunca considerei essa hipótese, Eu tenho dois filhos e eu sei que agora eu quero me casar.
Não, não foi um pedido, foi um desabafo. Ele precisava colocar essa vontade para fora e achou que eu o entenderia. Claro que o entendo!
Não sou eu que em poucos dias abrirei mão dessa minha vida boemia para ficar mais perto dos meus pais? Para estudar? Para casar comigo mesma?
Eu também me assustei ao pensar em sair de São Paulo. Afinal de contas aqui eu criei minha identidade. Amadureci. Descobri os "eu não quero". Os "eu posso". Descobri meu estilo de ser feliz. Fiz amigos os mais diversos. Vou abandonar tudo isso?
Bem, não estamos falando de mim.
Para este meu amigo da mesma idade que eu, abandonar a liberdade da vida , da única vida que conhece até hoje, das várias mulheres pelas quais se apaixonou, todas as noitadas e pessoas interessantes que conheceu para pedir a mão da menina linda que o sequestra para a praia todo final de semana em casamento é algo tão assustador quanto empacotar seus pertencer, seus amigos, seu amante e recomeçar a 600 km de distância.
Sair da rotina mete medo. Levantar a bunda do sofá mete medo. Sair do comodismo, do conhecido, do fundo da caverna. Isso assusta!
Mas como o mesmo amigo me disse quando eu titubeei em achar que era chato abandonar a todos e ir para a Inglaterra por 3 meses "As pessoas foram feitas para serem deixadas", acredito que estes nossos hábitos também. Essas manias. Por mais divertidas que sejam.
Se vamos viver 70 anos, vamos passar os outros 30 do mesmo jeitinho ou mudar um pouco para ver o que acontece? Só para ver o que acontece?
Eu o aconselhei a se casar do mesmo modo que ele me apoiou quando disse que iria embora me redescobrir. Mesmo contrariando os que preferem viver o comodismo dos seus dias. A mesma praça, o mesmo banco.
E é isso que farei agora. Espero que faça o mesmo!
Quem sabe não recebo um convite de casamento e tenho que viajar 600 km para ouvir ela te dizer um sim? E para te ver de terno e tenis babando de felicidade?
Será que nos tornaremos caretas?
Que nada... careta é quem vai ficar para trás.

quarta-feira, novembro 04, 2009

if ever there was someone to keep me at home


Só para você saber:
Eu não roubei seu escapulário.
Mas é injusto existir só um de você. Se encontrar outro parecido. Aí roubo pra mim.
Eu vou sim sentir saudades dessa afinidade maluca. Mas eu preciso ficar longe porque sei que por você ficaria perto.
Impossível! Por isso tão gostoso. Tão impossível e tão gostoso.
Eu não te amo de verdade, eu só não consigo abrir mão dessa aventura boa. É igual droga.
Eu não sou apaixonada por você, não admiro suas atitudes nem acredito em uma palavra que voce diz pra mim. É o Policarpo Quaresma. Ariano de uma figa.
Mas quando você está comigo, quando eu te vejo dormir, quando seguro na sua mão ou rio das bobagens que você diz eu sinto uma coisa gostosa e simples.
É como comer pipoca salgada tomando guaraná.
E você não me completa. Você parte sempre às 11 horas.
Mas com você a felicidade vem de um jeito estranho e bom. Essas doses homeopáticas.
é bom saber que eu não dependo de você para isso, mas você rouba mais sorrisos meus que os outros.
Adoro quando você finge que se importa ou tem ciúmes. Quando beija minhas costas de manhã.
Odeio por não usar perfume e teu cheiro desaparecer tão rápido de mim.
E é isso. É tudo muito rápido e sem deixar rastro. Nem pista.
O que ficar guardado era mesmo pra ficar.
Devíamos ter feito uma lista de vídeos, bobagens. E de todos os planos também. Para revermos na saudade.

Aparece um dia,
Leva cerveja, mais de uma camiseta. E o violão.
Quem sabe eu não estou rica e te sequestro pra sempre?
Se fosse pra sempre não teria graça.


P.S.: Eu te amo (daquele jeito.)

quinta-feira, outubro 01, 2009

na chón


3 e meia da manhã. O chão do Luton Airport em Londres acolhe pelo menos 500 pessoas a espera dos vôos da manhã.
É incrível como só aqui de longe, sozinha e sem rumo, contando os últimos Euros da carteira que eu vejo claramente do que é feita a vida e para quê. É simplesmente mágico como algumas coisas perdem o sentido enquanto outras o recuperam.
Expliquei outro dia a um amigo (numa dessas divagações de quem passa muito tempo com os próprios botões e eles tomam ácido) que de longe o tempo está tão azul que a gente vê direitinho o que tem que ser mudado e o que tem que ficar igual.
É como tirar férias da própria vida. Fazer um balanço. Jogar fora o que não precisamos mais.
Aqui a gente encontra coragem pra tudo. E o mais importante: vê beleza em tudo. É como um Mundo de Sofia, onde voltamos a ser crianças, comtemplamos arco-íris, uma loja de doces, percebemos cheiros, trememos ao falar uma nova língua, fazemos amigos, aprendemos de novo a caminhar sozinhos.
É um sair para ver o mundo e encontrar você mesmo.
Descobrir que gosta de suco de tomate, de música clássica, de criança e de estudar!
Queria eu que todas as pessoas desse mundo tivessem a oportunidade de passar 12 horas no chão frio do aeroporto esperando o próximo avião, as próximas pessoas, a próxima cerveja e a próxima leva de idéias malucas com pouca ou nenhuma conexão válida com a vida de amanhã, mas tudo a ver com a viagem de hoje.

terça-feira, setembro 08, 2009

mais uma de amor

Eles se conheceram no fim da adolescência. Aquela fase feia, crescendo desproporcionalmente. Milhões de coisas na cabeça sem fazer sentido algum.
Aquele nariz que não era pra ser assim, o cabelo que você ainda não sabe arrumar, o estilo de roupa que você ainda não encontrou. Ela se olha no espelho e nunca gosta do que vê. Faz um drama. Ele ainda usa aparelho nos dentes. Será que vai demorar muito?
Ela não lê mais a Capricho. Pensa em morar no exterior.
Ele não sabe qual droga experimentar agora. Se presta Medicina ou Biologia. Se ouve Rock ou Reggae.
Ela ainda escreve na agenda sobre o mesmo amor platônico de anos. E ele não a quer. Mas ela insiste. Também, existe passatempo melhor quando se é adolescente?
Ele sofre pela primeira ex-namorada. Existe drama melhor?
Os caminhos poderiam ter sido diferentes se não fosse pela amiga que insistiu em apresentá-los. Essa coisa de cupido também existe na vida real. Não que essa seja uma história real. Ora bolas!
E eles se apaixonam. Borboletas no estômago. Sinos tocando. Eu e você escritos no espelho embaçado depois do banho.
Numa quinta-feira a noite quando a amiga a chama para ir embora da festa ele pergunta: o que você gostaria de fazer antes de ir embora?
Ela pede o beijo. O primeiro e mais especial em meio a tantos outros deles.
No outro dia já se telefonaram. Ele não se importava mais com o aparelho, mas continuava tentando decidir sobre a próxima droga. Ela gostava do que via no espelho porque ele gostava do que via nela.
Era aquele o primeiro amor.
Foram seis meses daquela coisa linda que todos conhecemos. A primeira vez de tudo.
A primeira noite juntos, o primeiro "eu te amo". Tudo arrepia. Tudo é tão intenso.
A trilha sonora nunca seria esquecida.
No final dos seis meses ela muda de cidade deixando para traz um coração partido e uma cara inchada. Promete ser dele pra sempre com medo de não poder ser.
Ele não dorme a noite, sabe que a vida dela mudará na faculdade. Tantas pessoas para conhecer, tão mais interessantes que ele.
Aí vem o primeiro telefonema.Um telgrama. A primeira carta. O primeiro email. O presente de aniversario enviado pelo amigo. Ela abre: uma flor!
A fita de músicas do Chico Buarque. A poesia de Vinicius e Oswald.
Tudo aquilo era lindo e doía. A distância era longa mas os dois não abriam mão de estarem presentes.
Doía mas era um sofrimento válido.
Um sofrimento bonito. Um eu te amo pra sempre.
Que acendia a cada encontro, a cada sorriso, a cada : Oi, está tudo bem por aí? Estou com saudades.
A história é longa. Eles nunca acreditaram de verdade que daria tão certo. Que realizariam tantos sonhos juntos. Que seriam parte da vida um do outro para sempre.
Eles preferiam acreditar que depois de muito tempo separados se encontrariam durante as férias numa praça em Madrid.
Ela com um livro no colo olhando a fonte e ele tirando fotos da mesma.

as a bird.

I thought that I get drunk just to shut my thoughts up.
But I guess I am wrong. I do it to let them go free.

só um comentário...

Hoje me dei conta de que nunca havia passado tanto tempo sozinha com meus botões.
Tem gente que vai para um retiro espiritual no Tibet, eu me vi sozinha perambulando pelas ruas de Londres fazendo compras.
É assim, cada um com suas terapias, com o que te faz bem. Cada um tentando alcançar a sua felicidade plena. (Se é que isso existe... bom, deixa pra lá).
Cheguei em casa e comprei minhas passagens para Barcelona. Escolher as datas, reservar hotel, mais uma viagem dentro da viagem. Não foi pra isso que eu vim pra cá?
(Deixa pra lá de novo).
Ai a amiga diz que agora sim eu vou me divertir, conhecer pessoas no albergue, encontrar meu amigo festeiro.
Sem exitar eu respondi que já estou me divertindo muito e que eu sou muito legal pra cara***! E por mais incrível que pareça eu ainda não consegui me sentir sozinha e acho que nem vou. Pela primeira vez na vida a minha companhia e de meus pensamentos tem sido mais que suficiente.
Resolvi escutar aquele amigo que disse que essa eu devia encarar sozinha. Nem pensei se ele estava viajando ou falando sério. Agora agradeço.
Passo horas e horas andando por essa cidade linda rindo das minhas piadas bobas, inventando histórias e pensando em milhões de finais felizes e, como boa mexicana que sou, em finais não tão felizes também.
Eu já sei que se comprar 3 cervejas pago o preço de duas e só eu e eu mesma temos que decidir se vamos ou não ficar bêbadas hoje e comemorar mais esse passo de nossa aventura juntas.
Decidimos que sim.
Me vi correndo para me arrumar e ir ao cinema com medo de me atrasar. Para encontrar alguém? Não. Para encontrar algo que me faz tão feliz.
Foi aí, me arrumando e ansiosa para ir ao cinema sozinha (arrumei o cabelo, passei maquiagem, vesti roupa nova) que eu percebi o quanto estou bem comigo mesma.
E por hora não existe coisa melhor do que reparar e comentar só as coisas que você acha interessante. Ouvir as músicas que só você gosta. Comer ou não comer, dormir ou não dormir. Tudo depende somente de você.
Acho que é mais ou menos aí que você se ama de verdade.
Pronto. Cheguei aqui. E agora, o que mais?

domingo, setembro 06, 2009

bed time histories

Já passa da hora de dormir, garotinha.
Mas a garotinha ainda quer olhar mais um pouco as estrelas, elas estão prá lá de bonitas esta noite.
O chocolate quente já esfriou, o pai já veio, abriu e fechou a porta de seu quarto mas ela continua lá a comtemplar estrelas.
O vento ventou mais forte e ela se confortou com a almofada velha, sem perceber que derrubava a caneca de leite.
De onde será que vem o brilho das estrelas? Por que elas não caem do céu?
Abriu a boca de sono e foi pra cama.
Deixou a janela aberta pois não podia simplesmente abandoná-las. Elas continuariam ali a brilhar para ninguém?
Dormiu acompanhada aquela noite.

Here comes the sun


It is kind of a dream.
Suddenly I wake up and I am really here, but it does not feel like a dream.
The house smells the same.
The pink bedroom is there, but now I live in the guest room.
The friendly dog was replaced by the spoiled cat, but never in my heart.
Toast smells go up the stairs and I come down to have them with butter.
Streets get confusing when all you want is crossing the road. Entering cars on the other side can also be excused.
Is Beatles being played somewhere?
"Nothing you can say but you can learn how to play the game. It's easy"
All I need is London.
The passion is back. Flowers are as colourful as before. People are as friendly as ever.
And time has finally came to change me. That was all I needed.
I can definetly see the changes on my picture at the same old mirror with the golden frame.
Now I like the tea and all the sweet seasonings in their food.
I go to the theatre. I do pay my own bills.
I am 29 but the 18 years old girl is still here, in everywhere I look.
Coming to the front door to pick up the letters with news from back home.
Shopping downtown and thinking what presents will suit best her beloved ones.
Time has passed. I think I did my best.
The adult one walks around by herself meeting friends from a time that will never come back.
Eating biscuits with ice cream and thinking about how silly and childish she was.
And how brave. How reckless and fearless.
Those things I will take home, she gave them back to me.
And a heart that breaths deeply and cannot wait for the whole life that is still to come.
London is as fashionable as before. And I am not, I am more.
I can feel it from far away.
I feel nothing will be the same again.

"Little darling, it's been a long cold lonely winter
Little darling, it feels like years since it's been here
Here comes the sun, here comes the sun
and I say it's all right

Little darling, the smiles returning to the faces
Little darling, it seems like years since it's been here
Here comes the sun, here comes the sun
and I say it's all right

(...)

Little darling, I feel that ice is slowly melting
Little darling, it seems like years since it's been clear
Here comes the sun, here comes the sun,
and I say it's all right
It's all right."

terça-feira, agosto 25, 2009

eu sei o que você fez na terça passada


Entrei na net para comprar os ingressos pra ver Hamlet e já estavam esgotados.
Putz , pensei.
Aí vi uma nota dizendo que todos as manhãs antes da apresentação o teatro disponibilizava mais 30 ingressos. Rá! não tive dúvidas, acordei cedinho e corri pra lá.
A fila já estava grande. Desanimei.Bando de turista desocupado. Só estão aqui por causa do Jude Law, nem nunca leram Hamlet.
É claro que eu estava ali por ele também, mas ver Hamlet em Londres é certamente algo imperdível. E vai que eu demoro mais onze anos pra voltar...
Fui andando pela fila e contando as pessoas. Eram 30. Eu seria a trigésima primeira. Ufa, pensei.
Sentei na almofadinha que havia levado, abri a Dona Dalloway e ali fiquei por mais de duas horas até que a fila começou a andar. Estava certa de que não conseguiria. Sabe aquele lance de não elogiar se não estraga?
Não elogiei.
Consegui o penultimo ingresso e na mesma noite estava em pé no ultimo balcão daquele teatro fofo vendo Jude Law interpretar Shakespeare.
Tudo bem que ele não saiu e me levou para tomar um vinho. Mas aquela interpretação daquele texto foda eu nunca vou esquecer.
Eu já li Hamlet.
ié!

to queue or not to queue?


Primeiro o motorista super bem-humorado do onibus falando: As saídas de emergÊncia estão aqui e ali, os extintores lá e acolá. É proibido fumar charuto, cigarro, cachimbo e maconha. Aponta pra mim e diz: gostou, né?
Pergunto pro policial qual o caminho para o museu. Ele ri e responde: Sobe esta rua, vire a direita e vá reto. Você vai enxergar a multidão na fila para a exposição do Banksy.
Aí ele olha para os meus pés: Ainda bem que está com sapatos confortáveis, a fila é de duas a três horas.
Ah, vá! Mentiu! Pena que mentiu só quando disse que All-Star é confortável.
Três horas na fila sozinha.
Falam que viajar sozinha é bom porque só você decide as furadas nas quais vai se meter. Certo. Ninguém ia querer passar três horas em pé fazendo chuva e sol e sem ter nada na barriga.
Os ingleses são assim fechados. Mas foi a felicidade de conseguir ser os últimos trinta a entrar na exposição que encheu a todos ao meu redor com um sorriso besta. Até me perguntaram porque eu estava ali sozinha.
Você está hospedada aqui em Bristol? VocÊ é brasileira? Que férias longas, né? E por que escolheu a Inglaterra?
Ah, por que? Os porquÊs dessa viagem são inumeráveis.
A exposição do Banksy valeu muito a pena a espera. O cara é fenomenal. Dá a cara a tapa e consegue, apesar de tudo que já existe, inovar.
Fiquei babando. Paguei pau. Se ele estivesse por ali até ganhava um beijo.
ahahaha