Chá de Cadeira

Esperar pelo bus,salário,weekend,sol,despertador, phone call,liquidacão de inverno,dezoito anos,férias,primeiro beijo,Natal,fila de balada,sinal fechado. Esperar:por esperar.Aguardar algo(ou alguém)que está por vir.Esperar: desejar.Pensar fixamente em algo que deseja muito que aconteça. Chá de cadeira:Não ser chamado(A) para dançar em bailes,antigamente. Esperar pelo homem dos seus sonhos:tomar chá de cadeira.Esperar pela promoção:tomar um p.chá de cadeira!Wait,wish,wait.

quinta-feira, novembro 10, 2005

minha amiga, Fernanda Young

Sempre me perguntaram o que eu queria ser quando crescer...
Nem me lembro o que dizia quando criança...quando adolescente passei de veterinária 'a publicitária e acabei fazendo letras pois precisava fazer alguma faculdade...é...
Mas se me perguntassem quem eu queria ser...aí sim a coisa ficaria ainda mais complicada...Nunca consegui comparar meus dons e nem adimirar o trabalho de alguém a ponto de querer ser como esta pessoa.Exageiro.Mas quando se é criança ou adolescente, realmente almejamos inocentemente crescer e nos tornar algum ídolo.Eu nunca consegui.No máximo queria ser a esposa de algum dos meus cantores preferidos.Que máximo.Ser a namorada brasileira do Eddie Vedder, por exemplo.Mas não comparava o meu futuro profissional com o de ninguém.
Aí conheci Fernanda Young.
Não que eu queira ser Fernanda Young.Mas é que agora tenho alguém com quem me identifico.
Quem eu quero ser quando crescer????Bem, ainda não sei...mas certamente, gostaria que meu trabalho artístico fosse tão bom quanto o dela.
Mulher, feminista,inteligentíssima,pop, romântica, bonita, bem-sucedida e casada.
O que mais desejaria eu?
Textos brilhantes.Descreve a mulher dos mais simples aos mais íntimos detalhes com uma linguagem nossa.Da mulher moderna da metrópole.Aquela que vive, luta e sofre exageradamente.
Sex and the City em São Paulo.Ainda mais cru, ainda mais sincero e detalhado.E ao contrário do outro, com um tempeirinho e emoções que só as brasileiras têm.



"Fazer escova é uma coisa muito depressiva. Uma pessoa que precisa fazer escova nos cabelos pra poder sair de casa é alguém que merece comoção universal".




"Mulheres são assim depressivas. Pois transformam simples simples vontades em necessidades vitais e, diante de uma transitória impossibilidade, distorcem as sensações até torná-las insuportáveis. Uma espécie de TPM zodiacal, algo meio físico, meio metafísico, energético, quem sabe, bioquímico, com certeza, que lhes ataca as idéias, enlouquecendo-as. E, por uns segundos, ela pensa em se jogar na frente de uma Kombi que está vindo.




"Adora shoppings. Não tem o mínimo pudor a respeito desse amor proibido. Adora shoppings e não vê motivos para não adorar. Não entende quem diz que não suporta. São é mentirosos. Ou malucos. Poxa, um lugar que tem estacionamento, ar-condicionado, vitrine, lanchonete. (...) Dizem que chão de shopping é liso daquela maneira para que as pessoas sejam obrigadas a andar mais devagar. Não é maravilhoso? E a disposição das escadas rolantes? Coisa de gênio. As escadas determinam que você só poderá subir ou descer depois de cobrir toda aquela voltinha extra, entre a saída de uma e a entrada da outra, lá do outro lado. Ok, ok..."



"Mulheres são assim: muitas. Brigando, sempre, para tomar delas mesmas o espaço que entendem ser negado a elas. As mulheres - inimigas das mulheres - são suas piores adversárias. Lutam até o fim para acabar consigo próprias. Uma titica, realmente".



“Como se pode avisar a um coração que seu amor partiu do mundo? O coração não entende. Não deixa assim, pimba, de amar, porque houve uma fatalidade, e o objeto do sentimento morreu.”


"Por que eu não sou uma burra? Por que eu não sou uma mesa? Simples como uma mesa. Óbvia como uma mesa. Prática. Aceitável. Necessária".


“Decidiu que nunca mais vai chorar. Tem passado a maior parte do tempo chorando, e agora sua dor é tanta que não cabe representá-la por lágrimas. Lágrimas não chegam a dizer mais nada”.



“As mudanças, quando acontecem, são mudanças já acontecidas, e que apenas aguardavam o soar do alarme para serem acionadas. Do alarme chamado sobrevivência. Que manda endurecer um coração. Ou quedar-se mais sensível às borboletas, quando se sabe que não passam de bichos feios fantasiados com asas coloridas”.




“Mulheres são assim dramáticas. Exageradas, excessivas. Mas quando é necessário encarar uma boa mesa de operação, seja para tirar uma mama ou lipoaspirar um culote, fazem-se a sensatez em pessoa. Fortes, jamais fogem feito homens. Homens adiam médicos enquanto sentem dor. Morrem de medo de exames, não suportam a idéia de vasculhar doenças. Preferem ter um saco deformado a fazer uma cirurgiazinha na próstata. Mulheres são acostumadas com dor. O primeiro dos homens não tinha sequer nascido e a primeira das mulheres já sofria o primeiro dos partos. Mulheres adoecem todo mês. Muitas se dobram de cólicas. Outras têm o humor estraçalhado em pedaços. Todas incham, engordam à toa. Esquenta, esfriam. Ficam medonhas. Marmanjonas com peles explodindo em espinhas. E depois, quando engravidam, vem aquela saga maldita que todo mundo conhece: enjôos, depressões, bexigas soltas, estrias. Então amamentam, amamentam, e voltam a sangrar. Mas, aí, já estão tão esgotadas dessa lenga-lenga maternal que clamam por um o.b., um modess, uma colicazinha pelo amor de Deus. Passam-se os anos e, com eles, outras gestações, filhos ingratos, maridos ausentes, rugas. Um belo dia, pimba: frios, calores, frios, calores. Confusão mental. A temporada esquizóide que chamam menopausa. Finalmente elas estão maduras e malucas. Sim, as fêmeas são dramáticas. Não, não vão sobreviver a uma cara repleta de perebas. Choram e riem.Tudo parte de um grande estratagema cênico, algo para disfarçar o grande e verdadeiro drama: nascer mulher”.



É...verdades,realismo puro.Sem pudores.Vai descrever a alma feminina assim lá longe!Tiro o chapéu!