Chá de Cadeira

Esperar pelo bus,salário,weekend,sol,despertador, phone call,liquidacão de inverno,dezoito anos,férias,primeiro beijo,Natal,fila de balada,sinal fechado. Esperar:por esperar.Aguardar algo(ou alguém)que está por vir.Esperar: desejar.Pensar fixamente em algo que deseja muito que aconteça. Chá de cadeira:Não ser chamado(A) para dançar em bailes,antigamente. Esperar pelo homem dos seus sonhos:tomar chá de cadeira.Esperar pela promoção:tomar um p.chá de cadeira!Wait,wish,wait.

segunda-feira, julho 06, 2009

dream a little dream of me

Essa coisa de ócio vicia.
Se eu pudesse passaria a vida olhando pro teto do meu quarto e criando as histórias mais mirabolantes onde nem sempre eu tenho um final feliz.
Mas eu sempre participo e me emociono ou um pouquinho ou um muitão.
Numa dessas eu acordava do lado do caso despretensioso porém lindo e ele dizia que me amava.
Na outra ganhava uma viagem de trem pela Europa e conseguia visitar todos os amigos que estão por lá e reencontrava um ex-namorado num parque em Barcelona.
Na outra meus pais voltavam a morar juntos e meu irmão se casava numa igreja cheia de flores e eu, agora despreocupada, podia passear por aí.
Eu tinha tempo para assistir todos os filmes que não tinha visto nos últimos cinco anos pois estariam reunidos numa mostra em homenagem a mim e minha falta de tempo.
O cara com o cabelo mais divertido do bar e por quem eu tenho uma queda gigante passa a noite toda sem tirar os olhos de mim e eu vou embora com meu melhor amigo, de quem ele fica morrendo de ciúmes.
Numa das histórias eu tenho saudades porque até meu amigo semi-alcoólotra e mais encalhado começa a namorar a menina dos seus sonhos.
Na outra eu moro denovo numa casa decorada que é a minha cara com três super amigas e nós nos divertimos simplesmente uma com a cara da outra e temos um estoque infindável de Heinekens.
Em uma que ainda não tem final, eu reencontro casualmente o cara que mais me fez sofrer mas que era muito bom de cama e ele se apaixona loucamente por mim, mas eu passo num concurso qualquer e vou trabalhar no Acre.
Em outra história a segunda-feira chega e eu não tenho que acordar às seis porque não tenho rodízio,vou trabalhar de metrô e de all star, chego em casa exausta às onze da noite e me jogo na cama louca para que o final de semana chegue logo.

museum

Tudo começou quando prometi a prima mais nova que separaria uma porção de roupas que não usava mais ou que nunca usei para ela ver se queria. Não sei se essa geração gosta de usar coisas que já foram de outras pessoas, sejam essas conhecidas ou não, mas eu sempre gostei.
Não por ser retrô e sim por ser sentimental.
Ganhava roupas que minha tia usava quando tinha a minha idade, brocurava uma camisa diferente num brechó. Já usei calça social do meu pai e blusa de lã do meu avô. A capa de chuva amarela que minha mãe usou em Foz do Iguaçu.
Tirei todas as roupas do guarda-roupas e pus em cima da cama. Uma a uma foram me trazendo lembranças e só consegui encher pouco mais de uma sacola (daquelas de edredon da Zêlo) e meia.Muito bom para alguém tão apegado a bens materias, mesmo que estes tenham zero valor comercial.
O macaco de pelúcia voltou para cima da cama - ele havia sido exilado pois era presente do primeiro namorado, ciúmes. Os inúmeros cachecóis feitos pela mamãe foram organizados assim como as blusas de lã e casacos. Alguns foram até o varal para tomar um ar mas nenhum item descartado. Não dá pra abrir mão de quem foi comigo para a faculdade, para o intercâmbio, para a Bolivia ou para aquela festa junina gelada em Botucatu.
As calças jeans foram mais fáceis de me desapegar uma vez que emagreci e perdi o pouco de volume que tinha nas nádegas. Só não me desfiz de uma boca de sino linda comprada num brechó enquanto fazia faculdade. Essa eu posso nem usar, assim como os vestidos e saias hippie ou a blusa rosa de luréx, mas quero ter a certeza de que estão ali, caso a moda volte.
No meio dos meus lençóis achei uma colcha que era de meus pais de quando éramos crianças. Essa com certeza ficará comigo a vida toda, assim como a coleção de moletons que meus amigos (amigos mesmo) teimam em esquecer em casa. E não existe nada melhor do que um moletom extra-grande para te agasalhar nestes domingos cinzentos.
Achei uma camisa xadrez da época que queria ser grunge, porque afinal, com 16 anos a gente quer ser tudo, não é? E um coturno vinho que trouxe de Londres na época que queria ser cool. E não é que consegui usar os dois?
O conjunto de strass que usei na formatura e ganhei do namorado me emociona. Queria que fosse usado novamente numa formatura por uma pessoa querida. As únicas amigas que tenho e que ainda não se formaram são indies demais para um colar de strass e talvez quando eu tiver uma filha, eles já estejam muito fora de moda.
A não ser que a meninoca resolva ter o mesmo gosto de museu que a mãe e achar o máximo um acessório cafona só pelo seu valor sentimental assim sua mãe queria muito ser manequim 36 para (who knows) casar usando o vestido branco da sua avó bordado pela vizinha da esquina.