take me out!

Acho que nunca escrevi um texto tão ruim quanto o de ontem. Mas pois bem. E daí? Hoje, durante uma entrevista para um novo emprego eu contei que meu hobby era escrever. Ela ficou passada quando disse que tinha um blog já há 4 anos. Que medo dela me pedir o link. Não sou nada convencional para uma multinacional. Uau. Mas ela me fez lembrar dos meus duzentos diários. Nove ao todo. Escritos dia-a-dia com detalhes tão pequenos de nós dois. No caso, meus e dele. Meus que escrevia nele. Lembro que era tarada pelo Felipe Folgosi. O diário de 94 tinha uma foto dele em cada página, picotadas das inúmeras Caprichos que comprei e que minha mãe jogou fora na primeira oportunidade. No de 96 tinha uma página especial em homenagem ao Renato Russo, quando ele morreu. Duas páginas depois de um chiclete colado do meu primeiro beijo com meu amor-skatista. O Crizão. A de 97 conta tim-tim por tim-tim as aventuras da adolescente aqui em Londres. Com todos os tickets de metrô e de teatro, de cinema e muitas fotos proibidas. Na de 98 eu fico triste porque todas as minhas Capricho haviam desaparecido, meu poster do Brad Pitt arrancado de tras da porta, conto do meu primeiro amor e de tudo de incrivel que acontece pela primeira vez. Já na facul eu não tive tempo. Me dividia entre o trabalho, os estudos, a cerveja e o tal primeiro amor. E depois eu inventei o blog. E não é que este é mesmo o meu hobby? Ah! Na entrevista eu disse também que se não tivesse que trabalhar eu seria hippie na Bolivia e que o meu projeto a longo prazo, além do apê próprio e de trocar de carro era comprar um sofá. Claro que além de elogiar a minha honestidade, a psicóloga dentro dela não hesitou em me analisar: Quem sabe você ainda não tem um sofá porque não quer ninguém dormindo na sua casa e cuidando da sua vida o tempo todo. Deve ser por isso também que sempre contei tudo pros meus diários e sempre os mantive escondidos. Só não de mim. Ahn? E como seria a minha vida de hippie? Espia...