Último dia pra entregar a declaração do imposto de renda e é claro que eu tinha esquecido de postar. Cheguei no trampo desesperada, abri o programa, pedi ajuda pro amigo e comecei.
Como que eu ia lembrar de coisas que gastei em 2008 para poder receber restituição?
Queria eu declarar todo o tempo que investi em pessoas que não valiam tanto assim o tempo investido. Será que eu ia receber um pedacinho do meu coração de volta?
Hmm, duvido. Se bem que acho que ele foi restituído de uma outra maneira.
Aí meu outro amigo me liga (que sorte eu tenho com esses amigos!) pra me lembrar de postar a declaração que eu havia acabado de enviar porque tinha a certeza que eu ia esquecer! Pensei eu: e quão previsível posso ser também.
Depois precisava trocar o óleo do carro. Essa vida de gente grande é dureza. E me desculpem as feministas de plantão, mas sem um homem do lado, ou uma amiga fuçada, fica ainda mais difícil. Fui eu cheia de pose direto pro lugar onde ficam as "coisas" de carro. Já sabia até qual óleo era: semi-sintético. Mas chegando lá, só tinha sintético mesmo e aí me bateu um desespero.
Nenhum ser, por mais desentendido que pudesse ser, do lado. E eu me perguntando: será que levo esse mesmo?
Saco! Me vi pagando 4 litros de óleo sintético sem saber se ia ou não servir. Qualquer homem saberia me dizer: dá no mesmo, goiaba.
Vai eu (com a mesma pose de sabichona) pra troca de óleo. Chego lá e aquela dúzia de mecânicos vem em minha direção: posso ajudar? é pra alinhar? ver escapamento? trocar óleo? E eu nem queria pensar em quais conotações estariam eles pensando ao lançarem aquelas perguntas.
-Troca de óleo, moço.
-Ah, mas a senhora já comprou o óleo? E o filtro?É filtro ou refil? Quando trocou pela última vez? E quantos kms já tem? É 16 v? E vai trocar a correia de num sei o quê? E isso? E aquilo lá?
-Ahn?
Meu, queria eu contar pra ele que eu estava fazendo um esforço ENORME pra estar ali fingindo entender tudo quando na verdade queria estar em casa debaixo do edredon verde chorando o fora que eu levei.
Com certeza ele ia me responder:
-Vira macho madame, aqui a gente troca óleo e não coração, tá me achando com cara de bicha?
Ai, pra ficar mais engraçado, o amigo que me lembrou do imposto de renda me liga e pergunta o que estou fazendo. Respondi que estava trocando o óleo.
Com um duplo sentido digno de um mecânico ele responde: Não troca o óleo de um jeito, mas troca de outro né?
Nisso chega o gerente do lugar com aquela cara de gerente de oficina, ou seja, cara de mecânico promovido:
-A senhorita não gostaria de entrar para tomar uma xícara de café?
Estou no Chavez.
